24 de abril de 2013

Um novo problema em busca de soluções

GUSMÃO
rodneygusmao@yahoo.com


Estou com problema para arranjar aqui em casa local para acomodar a Seção de Pessoal. Por enquanto uma seção com um só funcionário, mas quem sabe futuramente terei que ampliar e criar um departamento de recursos humanos.

Tudo por causa de uma empregada e uma faxineira  quinzenal.

A lei que disciplina o trabalho doméstico é de difícil interpretação e as obrigações geradas para o empregador são muitas.

Irei virar uma microempresa por causa de uma empregada.

Não sei e não tenho vocação para controlar Livro de Ponto, fazer recibo mensal com discriminação das verbas devidas, como salário, horas extras, férias, 13º Salário. Isso depois de já ter redigido um contrato de trabalho e registrar e assinar na carteira profissional.

Antigamente, quando Berenice tinha que sair cedo ou quando viajávamos, deixávamos a chave do apartamento com o porteiro do prédio e quando  a Rita chegava pegava com ele.

Entrava, fazia o que deveria ser feito e, quando acabava, ia embora. O serviço dela era controlado pelas tarefas. Foram feitas então tudo bem.

Agora o controle será pela frequência e horas trabalhadas. Terei que me preocupar para saber se ela chegou mesmo no horário e saiu mesmo no horário, porque qualquer excesso de horas poderá resultar em pagamento extra. Com adicional.

E como o que valerá para a Justiça do Trabalho será o que estiver assinalado no Livro de Ponto, como irei saber se ela registrou o horário que chegou e que saiu mesmo?

Preciso de um auxiliar de seção de pessoal para controlar, ou comprar um relógio de ponto, mas este equipamento não eliminará a necessidade do auxiliar de pessoal, por causa do contrato de trabalho, fazer as anotações  de férias e dos aumentos de salário a cada vez que aumentar o salário-mínimo, na carteira profissional, e, o pior, fazer o recibo mensal com as rubricas todas detalhadas porque segundo consta recibos genéricos, como “salário mensal” não comprovam a quitação de outros direitos como salário-família, vale transporte, horas extra e o diabo a quatro.

Fui alertado de que não adianta combinar com a Rita para ela registrar os horários de entrada e saída de uma vez, para o mês todo, colocando na entrada 9:00 h e na saída 18:00 h , para completar as 8 horas diárias regulamentares (tem uma hora de refeição e descanso que precisa estar consignada no Livro de Ponto), porque se um dia houver uma reclamação trabalhista a justiça entenderá que aquele registro é uma fraude, eis que ninguém chega pontualmente às 9:00 h e nem sai rigorosamente às 18:00 horas. E com isso o Livro perde a força  comprobatória, e valerá sempre o que a empregada (espero que não a Rita), venha a alegar.

Bem, tem uma outra situação mais preocupante e desagradável que exigirá a presença de um auxiliar de seção de pessoal. Vai que a empregada sofre um acidente de trabalho: corta a mão com faca de cozinha, cai da escada ao limpar a janela ou escorrega no banheiro. Será necessário preencher uma guia de encaminhamento para a Previdência Social, pois ela aterá direito ao benefício previdenciário.

A vantagem que você leva é que apenas os primeiro quinze dias de afastamento por acidente serão por sua conta. A partir do 16º dia o INSS fica com o encargo de pagar.

Em compensação você estará impedido de despedi-la por um bom tempo porque ela gozará de aposentadoria provisória.

Por falar em despedir, se você demitir, sem justa causa, o seu empregado doméstico, terá que depositar 40% do saldo existente na conta do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço dele. O FGTS agora é obrigatório.

Você sabe preencher esta papelada toda? Sabe como negociar um “banco de horas” e controlar devidamente, a fim de remunerar as horas excedente ou compensa-las dando folgas em outros dias?

Olha amigo ou amiga, a tua empregada pode ser uma pessoa de boa índole, sensata, mas aparecerá algum namorado, vizinha, prima ou colega do prédio que irá envenena-la, tipo “você está sendo explorada” e inventar situações que gerarão direitos para ela porque na Justiça do Trabalho o empregado tem sempre razão. 

Quando tem mesmo você está lascado e tem que pagar tudo o que for reclamado; se o empregado não tem razão, você tem que fazer um acordo imoral para ele levar algum dinheiro seu.

E tenha em mente o seguinte, seu imóvel poderá ser penhorado para garantia de direitos (até pseudos) trabalhistas, segundo email que recebi do administrador deste blog.

Acho que fica mais barato ter duas ou três esposas ou companheiras (concubinas) e elas dividirem as tarefas. Se a Berenice topar vou em busca de uma companheira que aceite ajudar em casa, por um prato de comida, roupa lavada  e uma mesada para pequenas despesas. Cama será um contrato a parte.

Deve ter solução mais exequível, legal e moralmente. Até agora não atinei com nenhuma.

Telefonei para um outro advogado (especializado em direito trabalhista) e ele sugeriu contratar cinco diaristas, uma para cada dia da semana.


22 comentários:

Jorge Carrano disse...

ESCLARECIMENTO
Recebi do autor o seguinte email encaminhando o texto:
"Prezado Amigo,
Estou anexando mais uma de minhas fantasias quase verossímeis. Trata-se, como é possível verificar, de uma alegoria, mas quase realidade. O futuro dirá. Excluído o exagero da "seção de pessoal" tudo mais é um risco que teremos que assumir, segundo alertas que você mesmo nos enviou por mensagem eletrônica.
Publique se quiser e quano achar oportuno.
Grande abraço
Gusmão"

Freddy disse...

Belo texto, Gusmão. Diz tudo. Inclusive a parte que sempre me pareceu a ingratidão suprema, que é uma antes excelente empregada ser emprenhada pelo ouvido por namorado, vizinha, prima ou colega do prédio.
Abraço
Freddy

Jorge Carrano disse...

Freddy,
Já que você chegou aqui agora, informo que amanhã terá início a série "impressões de viajante".
Também gostei da abordagem do Gusmão.

Riva disse...

Parabéns ao Gusmão pelo texto. Disse tudo !

Sds !

Gusmão disse...

Obrigado pelas referências elogiosas.
Abraços

Helga Maria disse...

Já estava na hora de reconhecer direitos trabalhistas para as domésticas.
Estou sem há muito tempo. Quando trabalhei fora e minha filha era pequena precisei sim.
Agora não me custa fazer os serviços, com auxílio das máquinas.
Só não passo roupa, mas pago uma passadeira uma vez a cada 15 dias.
Enquanto as artroses, artrites e reumatismo permitirem que eu me abaixe, levante e as forças não me faltem, vou me exercitando.
Depois, será problema para filha e netos resolverem.
Helga

Jorge Carrano disse...

Andou sumida, Helga.
Mas voltou com disposição, pelo menos para os trabalhos domésticos (rs)

Riva disse...

O problema é que um patrão "normal" não pode ter sua capacidade de gestão de RH/Dpto. Pessoal igualada ao de uma empresa. Só contratando um especialista, como disse o Gusmão.

Sem falar na capacidade de arcar com os custos indiretos .... aí vira massacre, que será materializado sob a forma de demissão em massa das valorosas empregadas domésticas.

Diarista será a realidade ...

Helga Maria disse...

Viajei para visitar minha filha. Que alias não tem empregada.
Helga

Ana Maria disse...

Sorte de quem não precisa de ajudante nos serviços domésticos.
É fácil adaptar-se quando não se tem criança pequena, pessoas idosas ou doentes.
Reconheço a necessidade de se reconhecer direitos a esta categoria, mas equipará-las a um empregado de empresa lucrativa é loucura.
O ponto que tem me angustiado atualmente é o "demissão por justa causa". Se a empregada for incompetente, se não realizar as tarefas conforme orientada, se for muito alegrinha com o patrão, se gastar mais sabão, ou ingredientes do que deveria... como provar?
Vamos ter que colocar cameras pela casa?
Guardar notas fiscais, comprar relógio de ponto, solicitar estudo ergométrico?

Quem souber como proceder, me diga para aliviar minha angústia.
Em tempo. Não tenho empregada, mas tenho na família um caso de necessidade indiscutível.

Jorge Carrano disse...

Ana Maria,
Você não sabe e ninguém sabe. No Brasil é assim, criam-se direitos e obrigações sem qualquer tipo de análise ou estudo profundo, com projeções de situações que podem ocorrer.
Fazem as leis e depois ficam fazendo remendos para corrigir distorções. Ou então fica tudo por conta do judiciário que tem que solucionar os conflitos e acabam os juizes legislando, via sentenças e acórdãos.
Nós somos ridiculos.

Riva disse...

Gusmão já deu a solução para todos nós ( enquanto não se estende os direitos às diaristas ) :
- contratar 2 diaristas para trabalhar a semana de 2ª à 6ª feira - uma vem 2 dias e outra 3 dias.
Sds,

Freddy disse...

Oportunidade de negócio, aliás já concretizada por diversos parlamentares segundo fofoca ouvida: abrir empresa de diaristas.

<:o) Freddy

Jorge Carrano disse...

Esta é uma mão-de-obra dificílima de encontrar.
Não sei se a Mary tem dificuldade, mas em casa vira e mexe ficamos na mão.

Riva disse...

Vai melhorar o mercado de diaristas, porque elas vão se transformar em diaristas.

Corrigindo meu comentário anterior, pois 3 dias dá zebra (ou não ?) : contratar 3 diaristas : 2 dias + 2 dias + 1 dia

Ana Maria disse...

Quanto estão cobrando as diarista por aí onde vcs moram?
Quanto acredita que cobrarão com aumento da demanda?

Jorge Carrano disse...

Bem, Ana Maria, lá em casa terei que perguntar a Wanda. Mas sei que além do que se paga, em dinheiro, tem as passagens e mais café da manhã e almoço.
Aqui no escritório pago R$ 80,00 e as passagens. Ma é bem pequeno. Acho que você conhece.
Bj.

Gusmão disse...

Acho que você deveria ao invés de advogar e contratar faxineira, deveria passar a fazer faxina e contratar advogado quando precisasse (risos)
Abraços

Jorge Carrano disse...

Taí, Gusmão, sabe que a ideia é boa?
Vamos abrir uma firma de diaristas, como mencionou o Freddy?

Ana Maria disse...

Onde irão conseguir mão de obra? Aqui em Teresópolis existem placas de oferta de vagas em restaurantes, padarias, supermercados e comércio em geral. Creio que os estebelecimentos perdem pra bolsa família.
Trabalho ninguém quer.

Jorge Carrano disse...

Trabalho é castigo. Lembra de Deus expulsando Adão do Paraíso?
Disse Ele: "Ganharás o teu pão com o suor de teu rosto".
Viu? É castigo. Quem pode gostar?

Jorge Carrano disse...

Visitem https://mail.google.com/mail/u/0/#inbox/13e7aaa6c4f0ee9c

Trata-se de transctrição feita pela OAB, de matéria da coluna "Mundo Jurídico" do jornal O Fluminense.