6 de outubro de 2013

A foto e a tela

Lamento muito que a Wanda tenha desistido da prática da pintura. Dom natural que desenvolveu com duas diferentes professoras. Uma aqui mesmo em Niterói, e outra em São Paulo quando lá residimos.

Interessante como as irmãs também tinham o mesmo dom e a vocação para pintar. A mais nova, já falecida, pintava muito bem; e a mais velha, agora já bem idosa, também começou a desenvolver, com treinamento, seu talento inato.

É bem verdade que não é, ou era, um hobby barato. Pinceis (idealmente importados), tintas e telas virgens custavam caro. E tinha o custo das aulas. Sem falar nas molduras, embora muitas delas não emoldurássemos.

Se você faz a tela e não vende, precisa presentear amigos e parentes, sob pena de não ter espaço em casa para acumular tanta pintura. E acumulamos muitas telas, a ponto de dar pena ve-las amontoadas. Não seria possível pendurar mais em nossa casa porque acabaríamos transformando-a em ambientes de museus.

Então bateu o desânimo e Wanda desistiu de continuar desenvolvendo sua arte.

A seguir, como prova de sua capacidade de percepção, coloco uma foto feita no castelo de Chambord, no Vale do Loire, e a tela que fez, a partir da foto, quando regressamos ao Brasil. Evidentemente que ela excluiu a figura humana da foto, no caso ela mesma.

A tela está no casa da Erika e do Ricardo, minha nora e meu filho.

 
 
 
 
 

Tem uns probleminhas de perspectiva, de luz e sombra, de mistura de tintas para encontrar o tom mais exato, mas devemos considerar que reproduzir as cores da natureza é uma tarefa quase impossível.
 
Para quem começou muito tarde, com mais de 40 anos, com pouco tempo para exercitar e professora (em Niterói) pouco interessada*, o resultado está bom. Ou não?
 

* Muito focada no negócio, com vário$ alunos no atelier.

3 comentários:

Freddy disse...

Sim, Carrano, o resultado está muito bom. É uma pena que Wanda não tenha continuado, dizem que a experiência dá frutos em algumas atividades e artes é uma delas. A reprodução de fotos (ou de imagens reais) é uma área da pintura pouco valorizada no meio, mas é a que eu mais gosto. Os experts apreciam mais aquelas coisas meio difíceis da gente saber do que se trata mas minha opinião é porque, em sendo difícil copiar o real, o meio artístico, numa espécie de autodefesa, acaba valorizando o que é mais fácil fazer. O trabalho depois se resume apenas a arranjar explicação para os rabiscos e borrões (!!).

Durante alguns anos tive uma secretária que, além de psicóloga e adepta de uma dessas religiões indianas, era pintora. Preciso abrir um parêntesis para informar que ela era negra, importante nesse momento político em que podemos ser rotulados de racistas por não gostarmos, por exemplo, de cervejas pretas, ou carros pretos, ou bermudas pretas, ou...

Bem, o fato é que ela pintava legal e estudava bastante. Deu-me o testemunho de algo que ela sofreu durante os cursos. Nenhum professor nesse ramo das artes aceita ser superado pelos pupilos. Numa sala cheia, gosta de orientar os novatos. Assim que um deles começa a se destacar, passa a ser esquecido, ou pior, mafiado. À guisa de crítica ou orientação, pega o pincel e acrescenta um risco ou borrão no que você estava cuidadosamente a fazer! É chegada a hora de trocar de escola, um degrau mais elevado. No limite, você percebe que tem de seguir sozinho...

De resto, parabéns à Wanda.
Abraços
Freddy

Jorge Carrano disse...

Obrigado, Freddy. Transmitirei a ela.

Riva disse...

Dois dos meus filhos, Rodrigo e Breno, tiveram sua fase, muito novos. E fizeram quadros bonitos (na minha opinião), que até hoje decoram nosso canto em Friburgo, e também em Icaraí. Não sei exatamente o que os levou a parar, mas pelo seu relato, ainda bem que pararam, ou eu estaria até hoje às voltas com um mega estoque de quadros rsrsrsrs.

Ou estaria rico ? rsrs