30 de agosto de 2014

Filmes: gosto, e pronto!


Por
Ana Maria Carrano







Quando Deus criou o mundo, quis “causar”. Não bastava uma espécie de cada animal, nem uma diferente em cada continente. Verificando no Google, vi que existem cerca de 2900 espécies de cobras, e 17 ou 18 de pinguins. Pra que, não sei. Só Ele sabe.

Não sei se foram esboços de um mesmo tema, ou rascunhos como dizem ser o caso dos humanos, mas ele caprichou nas cores, tamanhos e principalmente tendências e aptidões que vieram a criar outras tantas particularidades.

Sendo assim, somos todos diferentes, mesmo que oriundos do mesmo núcleo familiar.

Esse preâmbulo é para deixar claro que respeito o gosto alheio, assim como gosto que respeitem o meu.

Para cada um  que não gosta de filmes de arte, existe alguém, como eu, que rejeita comédias tipo pastelão.

Minha relação com o cinema é antiga. Na verdade, sou idosa o bastante para ter assistido, no cinema, a filmes sem falas. Era o chamado “Cinema mudo”. Foram poucos (que assisti), visto que já existiam muitas películas com vozes. Eram protagonizados por Carlitos, o Gordo e o Magro, Shirley Temple e um menininho que não lembro o nome. Não citei os Três Patetas, porque nunca gostei deles.

Minha mãe nos levava ao Cinema  Rio Branco onde existiam sessões duplas e contínuas, em geral “bang bangs”. Segundo me contaram, desde os 2 anos de idade eu era levada para a plateia e, aparentemente prestava atenção ao que se passava na tela. Acho que veio daí o meu encanto pela sétima arte, embora não me considere uma cinéfila.


Oscarito e Grande Otelo
Não só as vozes foram as novidades que conheci durante minha jornada neste planeta. Passei pelo cinema nacional da Atlântica que nos deixou filmes interessantíssimos; por Mazzaropi e sua ingenuidade;  pelo cinema italiano de Visconti, Fellini, Rossellini e Passolli; pelo francês de Besson, Godard, Truffaut, Resnais; até chegarmos ao cinema americano que atraiu todos os diretores e atores do resto do mundo e produziu, com sua tecnologia películas geniais.

Fernando Pessoa/ Álvaro de Campos disse em uma poesia :
“...Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo,
Eu torno-me sempre, mais tarde ou mais cedo,
Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia,
Seja uma flor ou uma ideia abstrata,
Seja uma multidão ou um modo de compreender Deus.
E eu simpatizo com tudo, vivo de tudo em tudo.
São-me simpáticos os homens superiores porque são superiores,
E são-me simpáticos os homens inferiores porque são superiores também,
Porque ser inferior é diferente de ser superior,
E por isso é uma superioridade a certos momentos de visão.
Simpatizo com alguns homens pelas suas qualidades de caráter,
E simpatizo com outros pela sua falta dessas qualidades,
E com outros ainda simpatizo por simpatizar com eles,
E há momentos absolutamente orgânicos em que esses são todos os homens.
Sim, como sou rei absoluto na minha simpatia,
Basta que ela exista para que tenha razão de ser...”
(Fragmento de "Passagem das Horas" - Álvaro de Campos, 22-5-1916)

E sou bem assim com minhas preferências com relação a filmes, livros e músicas. Gosto, e pronto. Às vezes por me lembrar dum momento de vida, outras por recordar pessoas ou apenas pelo tema intrigante.

Dentre os inúmeros que assisti destaco os seguintes:

Amor, sublime amor  -  Sissi  -   Fantasia da Disney  -  A dama e o vagabundo  -  Flash dance  -  Thelma e Louise  -  Doutor Jivago -  Nosso amor de ontem  -  2001 Uma odisseia no espaço  -  Antes de partir  -  Um crime de mestre  -  O rato que ruge  -  A vida dos outros  -  Minha vida em outra vida  -  Gran Torino  -  As 5 pessoas que devemos encontrar  antes de morrer  -  Perfume de mulher.

Em grande parte dos citados, me marcaram também as trilhas ou pelo menos o tema musical.
Quem não se recorda das músicas de Leonard Bernstein,  em Amor sublime amor; do Tema de Lara do Dr. Jivago; as obras clássicas de 2001 e Fantasia e mesmo, a vibrante Maniac de Flash dance.

Não é o caso de Verão de 42, cujo enredo não me agradou, mas o tema (do mesmo nome) é a música que eu gostaria que me acompanhasse na última jornada.

Faz tempo que não entro em cinemas. Um ano, aproximadamente, graças ao meu comodismo, e ao fato que podemos locar ou simplesmente baixar filmes no pc e assistir no conforto de nossos lares.

Sair, só para olhar o céu, respirar ar puro e encontrar amigos e jogar conversa fora. Situação essa que me propicia, muitas vezes, histórias mais interessantes.

11 comentários:

Jorge Carrano disse...

Ana Maria,
Acho que a grande quantidade de espécies de cobras tem mais a ver com Darwin.
Assim como as bem variadas raças humanas.

Jorge Carrano disse...

Você deve lembrar, porque ouviu a história à exaustão. Numa destas idas ao Rio Branco, assistindo um daqueles bang-bangs do Hopalong Cassidy, você protagonizou uma cena hilária, que arrancou risos de parte da plateia: durante a clássica briga no Saloon, a pancadaria correndo solta, você levantou da cadeira, pequenininha mas decidida e inocente, e gritou: "vamo pará com essa briga que meu pai é poliça".

Hoje você ainda é decidida, mas consciente.

Ana Maria disse...

Para mim as teorias de Darwin são compatíveis com minha crença na mão de Deus no processo. Mas isso é assunto para outro dia.
Realmente eu ouvi muitas vezes essa historinha sobre minha interação com o filme de bang bang. Você só não explicou, para quem porventura venha a ler seu comentário, que nosso pai havia servido na cavalaria da Polícia Militar e que uma foto sua de uniforme, enfeitava a cristaleira da sala. Nosso pai era "poliça".

Jorge Carrano disse...

Nenhum de nós o viu uniformizado, senão na velha foto, pois há anos, antes mesmo de casar, ele já exercia outras funções na vida civil,fazendo carreira como tipógrafo/linotipista, revisor e redator de jornal, culminando com o cargo de jornalista, conferido oficialmente pelo Ministério do Trabalho, como exigido na época, antes dos cursos de comunicação social.

Coisa de criança mesmo, reação espontânea e inocente.

Jorge Carrano disse...

Voltando para o cinema, acho que Charles Chaplin foi um dos grandes gênios da chamada sétima arte. Autor, diretor, ator e compositor inspirado. O personagem Carlitos (citado pela autora do post) fez rir muitas gerações.
Entretanto o discurso final do filme "O Grande Ditador", é uma das jóias raras da história do cinema.
Eis o meu trecho predileto:
"O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça
envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito
marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade,
mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos
deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência,
emperdenidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas,
precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem
essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido."

Riva disse...

Fico com receio de citar meus filmes preferidos, com receio de esquecer algum importante, e depois ficar emendando comentários seguidamente. mas como com vcs, o cinema fez parte da minha vida por muitos anos. Na verdade ainda é, tem rolado filmes muito bons.

Como Freddy, iniciei com desenhos animados na TV e muitas revistinhas do Tio Patinhas e do Mickey. E curto os desenhos antigos até hoje !

Para não sair em branco daqui, vou citar alguns filmes que já vi várias vezes ... como disse Ana Maria, gostei e pronto !

Ghost
Apolo XIII
Titanic
Encontros e Desencontros
Amargo regresso
Madagascar I
Jurassic Park
Destino do Poseidon
Tudo do Chaplin
Tudo da Pantera Cor de Rosa (desenho), Pernalonga, Pato Donald, Pica-Pau, Tom & Jerry
Um convidado bem trapalhão

.... e muitos outros.

Riva disse...

Olha só, já voltei .... não posso deixar de fora O PACIENTE INGLÊS, e também o jogo Vasco 0x5 Avaí .... rsrs

Jorge Carrano disse...

O Vasco 0 X 5 Avai, foi tão vexaminoso quanto Fluminense 2 X 5 América (RN). Alias, no segundo tempo América 4X0 Fluminense.
Pelo menos ficaremos livres do Adilson.
Mas nada disso se equipara ao Alemanha 7 X 1 Brasil.
Nunca pensei em viver e ver isto.

Alessandra Tappes disse...

Só filme bom na seleção de Ana Maria. Chorei com a maioria citado nesse post. Alguns que até me recuso a ver pelo aspecto emocional.

Não sei se fico mais encantada com os clássicos de Disney que nunca saem de moda, ou fico querendo rever sempre (sem chorar, claro) Dr Jivago ou a cena de Al Pacino dançando tango.

Quanta emoção nesse post.

Jorge Carrano disse...

Qual a melhor versão de "Perfume de Mulher"?
Scent of a woman ou Profumo di Donna? Quem fez melhor o capitão Fausto Consolo? Al Pacino
ou Vittorio Gassman?



Freddy disse...

Havaí 5-0 não é título de seriado?

Como meus posts separam por gêneros, não comentarei o que ainda será publicado. No entanto, posso afirmar que os filmes de Carlitos são muito bons. Gostei de "O grande ditador", "Tempos Modernos" e "Luzes da Cidade".
De Walt Disney, além dos por mim citados (em meu post) "101 Dálmatas" e "Dama e Vagabundo", gostei de Cinderella, Branca de Neve, Pinocchio, A Bela Adormecida...
Com relação a comédias, reitero minha declaração de que é difícil rir de situações humilhantes, como era a maioria das comédias de outrora. Chanchadas da Atlântica são o fim da picada e não consigo elencar um único filme brasileiro de que tenha gostado - comédia ou não.

Voltando ligeiramente ao tema cinema mais sério (arte?), cheguei a assistir "Cenas de um casamento", "O conformista" e "Voar é com os pássaros" numa época em que tentei ver se enxergava nas telas o que os outros diziam ser filme-cabeça, essas coisas. Não deu, não gostei.
Retornei portanto à minha simplicidade.

=8-) Freddy